O que são, qual a finalidade, quais são as reais
necessidades e promessas?
Além da importância da hidratação (ingestão de
água) diária, pré e principalmente a reposição pós treinamentos, adequada – já explicada
em um post exclusivo aqui no Instagram – isso porque, durante a prática intensa
de exercícios físicos, há uma grande perda de água através da transpiração (um
importante mecanismo de termorregulação utilizado pelo corpo humano), podendo
favorecer uma possível desidratação, já que esta perda hídrica nem sempre é
compensada através da ingestão de água necessária.
O que sabemos e devemos considerar é que,
juntamente à água, através do suor há também a perda de eletrólitos e sais
minerais, favorecendo o desequilíbrio hidroeletrolítico do corpo.
Sendo assim, visando repor tudo o que foi perdido
durante o treinamento e manter o equilíbrio, é comum que os atletas recorram às
famosas bebidas isotônicas, devido à praticidade e rapidez em repor todos esses
eletrólitos, sendo os principais: sódio,
cloreto, potássio, cálcio, magnésio e fósforo, já que os mesmos estão envolvidos na maioria dos
processos biológicos, e sendo repositoras hidrolíticos, essas bebidas
esportivas apresentam uma concentração variada de eletrólitos, associada a
carboidratos. Fornecendo assim, também, substrato energético, o que pode
prevenir ou retardar alterações na homeostase hidroeletrolítica, melhorando
assim, a performance do atleta.
Ademais, existem estudos relacionando a reposição
desses nutrientes importantes com a prevenção de prováveis lesões, oriundas da
proteólise muscular decorrente da demanda energética elevada, desequilíbrio da
bomba de sódio e potássio eritrocitária, bem como a hemodiluição.
Porém, nem todas as bebidas repositoras de
eletrólitos são isotônicas. Para ser considerada, ela deve apresentar o mesmo
número de partículas osmoticamente ativas que o plasma, possuindo assim, uma
osmolalidade semelhante (o valor osmótico do plasma sanguíneo humano varia de
286 a 295 mOsm/L).
Sendo assim, três (3) tipos de bebidas esportivas
são encontradas no mercado.
São elas, as:
- Hipotônicas: < 290 mOsm/L
- ·Isotônicas: 290 - 330 mOsm/L
- Hipertônicas: > 330 mOsm/L
Tipicamente, isotônicos são bebidas não carbonatadas, de elevada
acidez, com baixo conteúdo de carboidratos, variando de 6 a 8%. O fato de ser
isotônica, permite uma maior velocidade na
absorção da bebida após o consumo.
Mas será que essa reposição realmente é
necessária a todos os atletas?
Não. O fundamental após a prática do exercício
físico é sempre a ingestão HÍDRICA, porém, é importante avaliar cada atleta
individualmente, visando sempre a prevenção da desidratação e perda excessiva
de eletrólitos, bem como analisar também fatores como o estado nutricional,
gasto energético durante o treinamento, grau de cansaço e exaustão pós prática,
peso, idade, altura, percentual de gordura e massa magra, antes de se poder
afirmar se a utilização de bebidas esportivas faz-se necessária, e possui ou
não efeito positivo sobre o rendimento de um exercício físico.
Em quais situações esse recurso pode ser
utilizado?
Faz-se necessário avaliar o volume de suor
perdido durante o exercício físico. Um método eficiente e comumente utilizado é
submeter o atleta à pesagem antes e depois do treinamento, subtraindo os
valores encontrados e visando avaliar o volume perdido como normal, inferior ou
acima do desejável. Sendo assim, posteriormente, é feita a avaliação se apenas
a ingestão hídrica já não seria considerada o suficiente.
Existem perigos relacionados ao exagero de
consumo dessas bebidas?
Sim. Primeiramente é necessário avaliar a
situação gástrica do atleta, já que, a ingestão de grandes volumes de líquido
em um pequeno intervalo de tempo pode contribuir para desconfortos
gastrointestinais. Além disso, o exagero de ingestão de sódio e todos os outros
eletrólitos, pode contribuir para hipernatremia, por isso, faz-se necessário a
dosagem de sódio sérico capilar e a pesagem de massa corporal antes e após a
atividade física, para que se estabeleça uma conduta.
As únicas alternativas de reposição de
eletrólitos realmente são apenas as “bebidas esportivas” industrializadas e tão
famosas?
Não. Existem alguns repositores de eletrólitos
mais naturais, como por exemplo:
· Água de coco: Que apresenta em sua composição: 93% de água, 5% de açúcares, além de vitaminas e sais minerais. Porém, vale salientar que a água de coco, apesar de poder ser utilizada como repositores de eletrólitos, nem todas, as águas de coco são consideradas isotônicas. Já que a sua osmolaridade depende do seu estágio de maturação, variando entre 270 e 377, crescente de acordo com o tempo
·
Água com sal adicionado: Apesar de
não possuir todos os eletrólitos e sais minerais necessários para a reposição,
pode ser uma boa opção quando buscando uma maneira rápida, econômica e natural
de evitar a desidratação.
·
Soro caseiro: A famosa mistura antiga
de 1 litro de água filtrada, 2 colheres rasas de sopa de açúcar e 1 colher de
chá de sal, possui uma boa proporção de sódio e carboidrato, podendo ser uma
aliada em necessidades especiais e pontuais.
Além de ser importante avaliar a quantidade e
qualidade de sais minerais presentes na bebida, faz-se necessário observar a
osmolaridade e acidez do produto. Além disso, é importantíssimo se atentar para
qual carboidrato está sendo utilizado, com qual finalidade, bem como, qual
ingrediente está sendo usado para adoçá-lo.
Qual a quantidade de bebida isotônica
recomendada?
O volume recomendado para ingestão varia em
função do esporte, do atleta, do tempo de exercício e das condições climáticas.
A literatura recomenda, para exercícios com mais de uma hora de duração, a
ingestão de 600 a 1200 mL por hora de soluções contendo 4% a 8% de
carboidratos. Sendo assim, embalagens contendo 500 a 600 mL de bebida são
adequadas, quando levamos em consideração as diretrizes.
Sendo indicado, para exercícios com duração maior
que uma hora, a adição de eletrólitos, preferentemente cloreto de sódio (0,5 a
0,7 g/L) à água, para repor as perdas pelo suor e evitar a hiponatremia. Tanto
o potássio, quanto o cálcio e o magnésio possuem uma menor representatividade
em comparação ao sódio. Afirmação comprovada, quando, percebemos que a
reidratação com grandes quantidades de água pode, em exercícios extenuantes e
em altas temperaturas, resultar em hiponatremia, mas não em hipocalemia ou
hipomagnesemia.
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<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-20612005000300021&lng=en&nrm=iso>.
ISSN 1678-457X. https://doi.org/10.1590/S0101-20612005000300021.
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