Durante toda a semana que está se encerrando, abordamos
diversos aspectos acerca do macronutriente PROTEÍNA. Falamos sobre todas as
suas funções, sendo elas: As enzimáticas, estruturais, de defesa, hormonais,
coagulantes sanguíneas, de transporte e, obviamente: Nutricionais!
Outro ponto mencionado em nossos posts foram os possíveis
prejuízos do seu uso indiscriminado e o exagero do seu consumo atualmente.
Ainda, mostramos as diferentes quantidades do macronutrientes em suas fontes
vegetais e animais, mencionando também, as possíveis diferenças na
biodisponibilidade de cada uma, o que gerou um grande interesse e várias
dúvidas por aqui.
Dito isso, começamos a explicação com a seguinte afirmação:
NEM TODAS AS PROTEÍNAS SÃO IGUAIS.
Apesar do comparativo apresentado no post anterior, e de
todos os valores em gramas do macronutriente proteína, é importante destacar
que a comparação é apenas QUALITATIVA.
Sim, a complexidade dos alimentos apresentados e da
proteína presente em cada um, vai muito além da gramatura destacada.
As proteínas são cadeia de tamanhos e configurações
variados, formadas pela ligação de aminoácidos. Ao todo, existem 20
aminoácidos, sendo 9 essenciais (não produzidos pelo organismo) e 11 não
essenciais, ou seja, que o nosso corpo produz.
Por isso, todos os essenciais precisam estar presentes em
nossa dieta, em quantidade adequada, para que todas as funções do nosso
organismo sejam realizadas de maneira correta.
O que acontece é que, nem todos os 9 aminoácidos são
encontrados em apenas uma fonte de proteína (principalmente, sendo esta, for de
origem vegetal), fazendo com que seja necessária uma maior atenção às
combinações eficientes de alimentos (o que também iremos exemplificar melhor em
nossa sequência futura de posts)
Sendo assim, levando em consideração o perfil de aminoácido
de cada proteína, elas podem ser classificadas como:
- Proteínas completas ou de 1 classe: Que são as proteínas
que contém todos os aminoácidos essenciais em quantidade próxima do ideal. Dito
isso, as proteínas de origem animal, com exceção da gelatina, se enquadram
nesta categoria.
- Proteínas incompletas ou de 2 classe: São as proteínas
deficientes em um ou mais aminoácidos. As proteínas da maioria dos vegetais
estão neste grupo. Os cereais têm proteínas de qualidade média, sendo
deficientes em lisina e, em menor grau, em metionina. Já as oleaginosas,
possuem proteínas de boa qualidade, com bons teores de lisina, embora sejam
deficientes em metionina.
Além disso, vários outros fatores interferem na absorção completa e eficiente do macronutriente em questão. Sendo esses fatores relacionados à sua BIODISPONIBILIDADE.
Consideramos como biodisponibilidade, não somente a quantidade
de proteína no alimento e quantidade de aminoácidos essenciais em quantidades
adequadas às necessidades para a síntese proteica, mas também: A sua
conformação estrutural, sendo que, quanto menor a complexidade da cadeia
proteica, maior a facilidade de acesso das enzimas digestivas, maior a
digestibilidade, e, portanto, maior a biodisponibilidade de aminoácidos. A concentração
de nitrogênio, a digestibilidade de cada fonte, podendo ser rápida ou lenta,
dependendo da origem da proteína e do seu grau de hidrólise. Sendo as de rápida
digestão, mais solúveis e rapidamente digeridas e absorvidas e as de lenta
passíveis de formação de coágulos no estômago e retardamento do esvaziamento
gástrico e absorção intestinal. O processo
de absorção e a possível presença de compostos anti-nutricionais: Um problema
muito comum em proteínas de fontes vegetais, dentre eles: Os inibidores de
tripsina e de quimiotripsina e as lectinas reduzem a atividade enzimática,
diminuindo a digestibilidade e a biodisponibilidade proteica e, por fim, as suas
condições de processamento, como o térmico, relacionado à reações com açúcares
redutores, como a reação de Maillard, bem como às relacionadas aos radicais
livres, compostos fenólicos e nitritos também diminuem a digestibilidade e a
biodisponibilidade das proteínas bem como o impacto sensorial e nutricional
Expostos todos esses fatos, ao escolhermos nossas fontes de
proteínas, apenas a quantidade do macronutriente por grama não é o suficiente.
É preciso avaliar todo o contexto, digestibilidade, biodisponibilidade e perfil
de aminoácido, realizando a combinação mais eficiente e adequada possível.
Nutrição eficiente, baseada em evidência científica,
bioquímica, fisiologia e individualizada, sempre.
Referências bibliográficas:
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