Longevidade e saúde humana são afetadas pela quantidade e fontes de proteína, bem como por dietas que imitam jejum

            Mais uma parceria de sucesso entre UFMG e UFSM gerando excelentes materiais sobre Nutrição e Qualidade de Vida.
           Com a orientação do professor da UFMG Rafael Longhi e da professora Fernanda Barbisan da UFSM, através da disciplina de Atividades Práticas Monitoradas, alunos tiveram a oportunidade de publicar material e acompanhar a rotina de um laboratório de pesquisa.
          Importante este resultado, porque mesmo com a pandemia e as atividades sendo online os alunos conseguiram produzir material de alta qualidade, abaixo o texto e o link da publicação!




            Longevidade e saúde humana são afetadas pela quantidade e fontes de proteína, bem como por dietas que imitam jejum
            Mudanças alimentares com retirada ou diminuição de determinados compostos como por exemplo açúcar e sal, podem prevenir e tratar doenças, tais como diabetes e hipertensão. Mas nem tudo é tão claro como a necessidade de restringir sal e açúcar, quantidade e fontes de proteínas bem como dietas que imitam o jejum, ainda precisam ser estudados para que seu impacto seja mais bem entendido no envelhecimento humano. Assim, pesquisadores da Universidade da California do Sul e do Instituto de Oncologia de Milão se uniram e elaboraram uma revisão de literatura, ou seja leram vários artigos e analisaram para que se pudesse buscar respostas para a influência de dietas que simulam o jejum ou dietas c om poucas proteínas sobre a saúde e a longevidade. 
            Nas dietas que simulam o jejum, são ingeridos por 5 dias pequenas quantidades de alimentos a base de plantas (verduras, legumes e frutas) juntamente com fontes de gordura boa, evitando carnes, leite e derivados, café e industrializados (adoçantes, refrigerantes, dentre outros). No restante do mês a alimentação deve ser normalizada pois nos 5 dias de dieta o corpo pensa estar em processo de  jejum, o que aumenta o gasto de gordura corporal e a longo prazo pode ter efeito negativo. Porém mesmo que as dietas citadas tenham resultado positivo em alguns organismos, determinadas pessoas não terão o mesmo resultado pois cada indivíduo possui traços genéticos e mentais únicos, dessa forma, é preciso consultar um nutricionista que irá analisar cada situação, e dizer quem pode aderir. Nos estudos revisados pelo artigo foi observado que quando implementada em leveduras (fungos) uma alimentação com poucas proteínas, a saúde das leveduras melhora. Em experimentos com moscas de fruta, foi concluído que dietas ricas em proteínas e pobres em carboidratos diminuem o tempo de vida das moscas, nesse caso, as moscas foram submetidas a uma alimentação com até 20% de proteínas para 1% de carboidratos. Nos testes com ratos e camundongos, limitar a ingestão de proteínas também acarretou melhora na saúde, pois alguns dos roedores ganharam menos gordura, aumentaram a tolerância à glicose (tolerância diminuída à glicose é um tipo de pré-diabetes no qual há um estado de hiperglicemia associado à resistência insulínica e aumento do risco de desenvolver doenças cardiovasculares) ou perderam gordura corporal. Porém, a perda de gordura corporal pode ter sido resultado de uma não aceitação da nova dieta pelos animais, o que fez eles se alimentarem com menor quantidade de comida. Em uma parte do estudo, alguns camundongos tiveram a quantidade de proteínas em sua dieta diminuída e a porção de carboidratos aumentada, e como resultado os camundongos cujas dietas incluíram 5-15% de proteína e 40-60% de carboidratos viveram por mais tempo, por até 50 semanas a mais, em comparação com aqueles em uma dieta de 50% de proteína. 
             Para que os resultados fossem mais próximos à condição humana foram realizados testes em macacos rhesus, pois os mesmos possuem uma estrutura genômica com 99%  de semelhança à de humanos. Foram feitos dois estudos, um na Universidade de Wisconsin (UW) e outro no Instituto Nacional de Envelhecimento (NIA). No estudo NIA os animais consumiram menos açúcar (3,95%) em comparação aos da UW (28,5%), e a ingestão de proteínas no estudo NIA foi baseada em farinha de trigo, milho, soja, peixe e alfafa, enquanto o estudo UW usou lactalbumina obtida do soro de leite como a principal fonte de proteína. Os estudos concluíram que a dieta de fonte de proteína baseada em vegetais usada no estudo NIA pode ter reduzido o risco de fatores de mortalidade relacionados ao envelhecimento em comparação com as fontes de proteína de origem animal usadas no estudo UW, porém, em ambos os estudos a mortalidade e o desenvolvimento de doenças nos animais apresentou queda, portanto diminuir o consumo de proteínas foi positivo mesmo nos macacos que não apresentavam uma alimentação saudável. Portanto, a quantidade de proteínas e a fonte dessas  proteínas (animal ou vegetal), tiveram efeito sobre a qualidade de vida dos primatas analisados. Pesquisas realizadas com humanos buscaram testar se os efeitos seriam os mesmos. Em um estudo realizado na Suécia com 43.396 mulheres, aumentar o consumo de proteínas em 10%, principalmente com proteínas animais como as presentes no leite e na carne, e diminuir o consumo de carboidratos em 10%, aumentou a incidência de doenças cardiovasculares em 5%. 
           No acompanhamento de 26 anos do Nurses ‘Health Study (NHS; incluindo 85.168 mulheres) e o acompanhamento de 20 anos do Health Professionals Follow-Up Study (HPFS; incluindo 44.548 homens), dietas ricas em proteínas animais e gorduras, e pobres em carboidratos aumentam a mortalidade. Recentemente foi descoberto que em indivíduos com idade entre 50-65 anos, a ingestão elevada de proteínas (≥20% de calorias consumidas derivadas de proteínas) foi associada a um aumento de 74% de mortalidade por todas as causas, o que não aconteceu em pessoas com mais de 65 anos. Pois os indivíduos com idade maior a 65 anos que consumiram uma dieta rica em proteínas tiveram uma redução de 28% na mortalidade por todas as causas. Assim os estudos vêm demonstrando que o tipo de proteína, e a quantidade de proteína têm relação direta com a longevidade. Porém, os estudos clínicos utilizando dietas baseadas em jejum são limitados e, portanto, requerem avaliação cuidadosa e claro a realização de novos estudos.            

Fonte: Sebastian Brandhorst and Valter D Longo,” Protein Quantity and Source, Fasting-Mimicking Diets, and Longevity”, American society for Nutrition, 2019.

Disponível em: https://academic.oup.com/advances/article/10/Supplement_4/S340/5624067

Autora: Isadora Candida Silva, Nutrição, 2º período, Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)

Profª Dra Fernanda Barbisan- Universidade Federal de Santa Maria.
Currículo lattes: http://lattes.cnpq.br/1428674947616182

Prof. Dr. Rafael Longhi Sampaio de Barros – Universidade Federal de Minas Gerais
Currículo lattes: http://lattes.cnpq.br/2878215146328476
https://portalcienciaeconsciencia.com.br/portal/2020/10/longevidade-e-saude-humana-sao-afetadas-pela-quantidade-e-fontes-de-proteina-bem-como-por-dietas-que-imitam-jejum/

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